A Descoberta dos Sentimentos – Bruno Goulart de Oliveira

A Descoberta dos Sentimentos

Conheço pessoas que não desenvolveram um vocabulário de sentimentos
E suas expressões afetivas carecem de desenvolvimento.
Quando elas pensam em como estão se sentindo
Parece que as palavras vão sumindo…

Se pergunto a elas “como você está?”
Elas dizem: “Tô bem!” ou “Tô Mal”.
Às vezes, tem um meio-termo, como:
“Tô me sentindo normal”

Não sei até que ponto essas respostas se relacionam com outras ideias
A de que há sentimento “bom” e “ruim”, “normal” e “anormal”.
Mesmo pessoas que possuem um vocabulário maior de sentimentos
Sofrem as consequências dessa crença cultural.

Parece que há sentimentos que as pessoas devem buscar
E sentimentos que as pessoas devem evitar,
Sentimentos que precisamos esconder
E sentimentos que temos que aparentar.

Evitamos tanto os sentimentos “ruins”, que “como vai?” virou “tudo bem?”
E se você responder que NÃO está “tudo bem” eu não sei o que fazer…
E, talvez, eu diga: Ih… lá vem! Pra que todo esse pessimismo? Não vem que não tem!
Não liga não! Vai passar… você vai ver só! Já, já, vai ficar tudo bem!

Às vezes, nosso maior medo não é o de sofrer com uma dor emocional.
Nosso maior medo é ver o outro sofrer e não saber o que fazer.
E qual solução encontramos para lidar com esse medo?
Desconexão, distração, distorção… Vamos sair pra beber?

Já nem sei se as coisas estão assim por conta da nossa covardia empática
Ou se é manobra desse sistema para manter a fábrica de robôs atuante.
Mas, com certeza propagar a desconexão afetiva é uma ótima tática
Para nos manter alienados, individualistas, submissos e ignorantes.

Então, estou aprendendo a olhar para mim e ser mais grato pelos meus sentimentos.
Antes de pensar se são bons ou ruins, eu quero saber do que eles querem cuidar.
Não pretendo agir por impulso e fazer o que der vontade a todo o momento.
Mas, escutar e entender meus sentimentos é um meio de me humanizar.

Estou entendendo agora que o Medo é um impulso em busca do Cuidado.
Sem o sinal do Medo, poderíamos não perceber o que precisa ser Priorizado.

A Raiva e a Culpa estão lado a lado. Elas querem cuidar de limites que foram violados.
Ambas têm o Medo como base, ou seja, uma vontade de ter Cuidado.
A Culpa me diz que quero Respeitar mais o outro
E a Raiva me diz que quero ser mais Respeitado.

E a Tristeza tão mal compreendida,
Ela elabora a dor das nossas necessidades feridas.
A Tristeza, quando bem vivida… Faz uma verdadeira Limpeza!
Sem essa limpeza, a dor se tornará um peso e não teremos mais leveza.

E a tristeza também é uma expressão de amor,
Se acha que não é verdade, pense um pouco sobre “O que é saudade?”.
Se não aprendemos a viver a tristeza com aceitação,
Não desenvolveremos a habilidade da compaixão.

Compaixão é complementar ao amor
E compaixão significa “juntos na dor”.
Então, não dá para viver o amor rejeitando a dor

Acolher o Medo, a Culpa, a Raiva e a Tristeza.
É acolher o ser humano em sua inteireza,
Começando pela aceitação da nossa própria natureza.

– Bruno Goulart de Oliveira

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